fica...

fica.

fica
um
pouco
mais,

na
dimensão
do
efémero.

teu ombro nu...

foi num sonho
alucinado e breve
que
beijei
o teu ombro nu.

O Cante

O Cante

"...O Cante Alentejano é ritual. Quase liturgia. Liturgia de ritual. É espiritual. Religioso. Panteísta. Onde quer que aconteça, impõe respeito e silêncio, porque é culto..."

O Cante Alentejano autêntico, "de dentro para dentro", é uma forma de respeito, de carinho e intimidade com a Natureza, com os outros seres, com as plantas, flores, animais, pedras e "pedrinhas"..."

Amílcar Vasques-Dias, in Jornal de Letras 10 a 23 de Dezembro de 2014

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ "...É um prato bem servido, um bom copo  de vinho e uma forma de estar na vida. Património do mundo e do povo alentejano. E sobretudo, daquelas 400 crianças (e muitas outras) que aprendem o cante na escola como se fosse matemática ou português..."

Carlos Marecos, in Jornal de Letras 10 a 23 de Dezembro de 2014

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Duas perspetivas de Cante Alentejano, cuja notoriedade recente trará por certo riscos e perspetivas erradas, de protagonismo exibicionista, algumas contrárias à sua matriz intimista, instintiva, madura e discreta.
É fundamental manter essa matriz, sob pena de, à semelhança da característica entoação linguística alentejana de terminar os verbos em "i", o Cante morrer lentamente e se perder. Há quem não tenha medo que o Cante morra. Eu tenho.

diálogos...

estabeleço
improváveis
diálogos.

pergunto e
respondo
em voz baixa.

com cuidado
para que
esta insanidade
me não
denuncie.

o gesto e o sonho...

diz-me
que é
teu
o gesto
com que
sonho.

secretamente...

Te amo como se aman
ciertas cosas oscuras,
secretamente.
entre la sombra
y el alma.

Pablo Neruda

mais do que pude...

"Numa sempre diversa realidade.
Dentro da eternidade e a cada instante.
Com um desejo maciço e permanente.
Hei de morrer de amar mais do que pude."

Vinicius de Moraes

amar...

cansado
de tanto
amar...