segunda-feira, 31 de março de 2014

junto al volcán

Como vive esa rosa que has prendido
junto a tu corazón?
Nunca asta ahora contemplé en el mundo
junto al volcán una flor.


Gustavo Adolfo Bécquer

sábado, 29 de março de 2014

ingenuidade





















E o que é a ingenuidade?
Será um defeito? Um erro de comportamento? Uma parvoíce?
Será a ingenuidade, condenável?

O que Voltaire nos mostra no seu "O Ingénuo", é exactamente a antítese de tudo isto.
O protagonista de "O Ingénuo", não é mais que alguém incrédulo e absolutamente ignorante acerca de tudo aquilo associado à baixeza, à velhacaria, à ironia, à brutalidade e à injustiça.
...Condenável?!

alívio
















Começa  a instalar-se uma sensação de alívio, ante a perespetiva de, ao contrário de ter perdido algo de muito profundo a que me dei, como sempre faço, ter sido simplesmente utilizado na minha ancestral ingenuidade.

sexta-feira, 28 de março de 2014

perdas
















Vida presupõe diversidade e diversidade pressupõe mudança, transformação.
Sinto-o, não num sentido de "inovação" daquilo que são os meus princípios, e daquilo em que acredito, mas numa perspectiva de fortalecimento dos mesmos, por forma a manter despertos e livres de preconceitos, os sentimentos e os olhares que lhes estão associados.
É nesse sentido que atribuo uma enorme importância ás palavras ditas - pronunciadas ou escritas.
Considero que são um património, esse sim imaterial, que deve ser cuidadosamente usado, já que se trata da essência da comunicação. Um património que se quer, ativo e nunca um património que, como todos os patrimónios, tenha um estigma bolorento a cobri-lo.
Cruzo-me e falo com muita gente, mas estou apenas com raríssimas pessoas, pois na sua quase totalidade não entendem a importância de pensar, sempre, antes de abrir a boca ou mesmo escrever.
Um passar atento pelo mais banal quotidiano, mostra-nos uma imensidão de gente com o cérebro parado. Uma imensidão de gente com quem é difícil contar, para transformar o mundo. 
Por isso, perder uma das raras pessoas com quem, de facto, podemos estar sem medo nem preconceitos, é uma perda irreparável.
Bem...vou nadar um pouco.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Desencanto














Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Doí-me nas veias. Amargo e quente.
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
assim dos lábios a vida corre,
deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

Amélie, Rita e Pocaontas



















Algumas coisas não precisam fazer sentido, basta valerem a pena.

Renato Russo

entender...
















Ás vezes eu tenho vontade de ser menos intensa, só para poder entender como o resto do mundo aguenta essas coisas que me devoram permanentemente e de uma forma tão absurda...

Clarice Lispector
imagem - João Cutileiro, mármore

terça-feira, 25 de março de 2014

segunda-feira, 24 de março de 2014

muy simple













No ser amado es una simple desventura.
La verdadera  desgracia es no saber amar.

Albert Camus

o comboio da Beira Alta





















é na noite trespassada e fria
que a magia
do comboio da Beira Alta
se instala
na nossa intimidade mais profunda

domingo, 23 de março de 2014

a mentira

Sou frontalmente contra qualquer atitude censória.
Mas fico confuso quanto à atitude a ter,  perante alguém que inventa um programa informático, afirmando ser o mesmo capaz, de produzir poesia com " métrica, rima e sentimentos".
Não será, no mínimo  insultuoso, tratar com esta ligeireza, o sofrimento dos poetas?
Sim, porque não é possível ao poeta, criar poesia a partir do que sente, sem sofrer. Se afirmar que escreve poesia sem sofrer, está a mentir.
Não sou poeta nem escritor. Tenho contudo uma tremenda necessidade de escrever, a partir do que me vai na alma. Não posso contornar esta imposição interior, imbuída de uma áurea de catarse e muito sofrimento.

Não tenho por isso, a menor dúvida de que o "informático poeta" é um mentiroso. E confesso que me sinto desolado, perante a possibilidade de a mente coletiva aceitar como boa, esta verdadeira boçalidade.
Poucas são as áreas em que a mentira ainda não está instituída...

Dia do Pai

















Um Dia do Pai muito especial.
O meu filhote, ausente a trabalhar, e a minha genra, delegaram em mim a grata e enorme responsabilidade de o representar,  na festa da nossa princesa,  que também exigiu a minha presença, e que se encontra algures no mar de cabecitas coloridas e felizes.
Uma festa muito alegre e bem organizada, como é tímbre do colégio Os Salesianos, e que foi para mim, um maravilhoso presente de Dia do Pai.
Além do mais, a protagonista esteve muito alegre e dinâmica, tendo saído a correr do protocolo para me dar um delicioso abraço. :-)

Obrigado, neta!

sábado, 22 de março de 2014

escribir para usted

escribir
para usted
me atormenta
pero
lo necesito

por necesitá

no hago
la menor idea
si soy un poeta
pero escribo
por necesitá
y siempre
con la dolor
que siento
en mi pecho

sexta-feira, 21 de março de 2014

un dia azul, un dia de poesia y de palabras libres.

quiero que seas
el poema
por lo cual
mi alma
se turbe
para siempre

sin tu permiso


mi alma
jamás
olvidará
la profundidad
de tus ojos
distantes

pero
muy cerca
e visibles
en la permanencia
de mi corazón

ternura em três tamanhos :-)

A minha neta tem abraços e beijos de três tamanhos para dar:
- Tamanho pequenino.
- Tamanho médio.
- Tamanho grande.
Experimentei os três tamanhos.
O tamanho pequenino é de uma enorme suavidade e ternura. Já o tamanho médio é notável pela consistência carinhosa. Mas o tamanho grande, o meu preferido, composto por aquilo que eu chamaria de beijão+abração, é um verdadeiro banho de ternura, oferecido pela minha princesinha! :-) Que bom!

quarta-feira, 19 de março de 2014

terça-feira, 18 de março de 2014

simbiose

O sofrimento  fascina, acalma.
De outra forma não se explica esta  necessidade de escrever, que atormenta e ao  mesmo tempo liberta, numa simbiose incessante e doce.
Provavelmente mais ninguém vê sentido nisto. 
Se calhar a suspeita que há muito tenho na alma, é uma realidade confirmada:
Eu não pertenço a esta dimensão.
Estou fora do sítio.
Estou a mais.
Mas só assim consigo respirar.
E, uma alegria sempre nova escancara as portas todas para o sol, e eu volto logo inteiro com cega impaciência, para onde jurei mil vezes nunca mais voltar (Mário Dionísio).

domingo, 16 de março de 2014

sábado, 15 de março de 2014

en las entrañas

hay imagénes
cuya dulzura
y encanto
nos matan
en las entrañas

no hagas caso de mí

si te pedir
qué
no me hables más
por favor
no hagas caso de mí

sexta-feira, 14 de março de 2014

imagens

há imagens
cuja beleza
e intensidade
nos paralisam
a alma

quarta-feira, 12 de março de 2014

rumos...



já rumei
à Trafaria

ao leme
do veleiro
que me levou
no vento
forte
da preia mar

pudera eu

no vento

rumar-te
também...

terça-feira, 11 de março de 2014

devagar

os meus silêncios
falam-me
devagar
de ti

o silêncio e eu


Hoje,
nada quero escrever.
Irei dedicar-me aos silêncios.
Meus silêncios.
Há tempos, não os ouço.
Preciso tocá-los
Senti-los
Afagá-los.
Ficarmos a sós,
deitados sobre as horas...
Num lugar,
onde nem o vento
consiga nos escutar.

Bruno de Paula

linhas e cores




Linhas e cores, para curar a alma.

domingo, 9 de março de 2014

ermida
















Ermida de Sto. António, situada no outeiro com o mesmo nome, perto de Vila de Frades, Vidigueira, não tem sino, nem imagens, nem pinturas ou referências sacras.
Podia ser reconvertida a outro culto. Islâmico, por exemplo, que rejeita todo o tipo de acessórios na sua relação com o divino.
Na verdade, tal como está, não cumpre a função para a qual ali foi construída pelo atual culto. 
Além do mais, é provável que à semelhança de muitos outros locais de culto, tenha também este sido sucessivamente reconvertido para satisfazer necessidades espirituais pagãs, românicas, islâmicas e cristãs.
É que os poderes divinos habitam todos os mesmos locais. Bem bonitos, diga-se! :-)

sábado, 8 de março de 2014

luz

- Avô?!
- Sim, neta.
- Quando tu vens á minha casa?
- Não sei, neta. Porquê?
- Porque tenho saudades tuas.

enquadramento



Momentos há, em que nos sentimos parte do mundo que nos rodeia.
Momentos há, em que não nos sentimos parte do mundo que nos rodeia.


sexta-feira, 7 de março de 2014

alegria/divertimento

Para estarmos alegres, não precisamos de nos divertir. Mas para nos divertirmos, precisamos de estar alegres.

A alegria faz parte da realidade e do estado de alma. Não se pode intervir sobre ela, construindo-a. É intrínseca à condição humana, como a tristeza.

O divertimento não. O divertimento é uma realidade construída, sobre a qual se pode intervir. O divertimento é o irreal, que não é intrínseco à  condição humana, tal como o como o ócio.

Esta é, de forma muito sintética, a grande diferença entre alegria e divertimento.

E assim, podemos concluir que a alegria é, por exclusão de partes, muito mais importante social e culturalmente, que o divertimento. O divertimento, não tem o menor interesse do ponto de vista sociocultural.



6


5



4


3


quinta-feira, 6 de março de 2014

2


1


violências da alma

 Nunca usei palavras de outrem, sem citar o autor, acredito contudo, ter feito uso, de forma desajustada, devido a uma ancestral mania que há muito me acompanha, e que é sentir tudo exageradamente, como diz Pessoa, e perder a clarividência.

As palavras são curtas, muito curtas, para descreverem a dimensão da angústia que sinto. É dramático descobrir que afinal violentámos os sentimentos e as emoções de alguém que muito estimamos.
É "uma cereja em cima do bolo" , amargo, de uma dúvida arrastada pelo erro ignóbil, que o meu afeto escondeu.

Basta-me o pouco alívio por finalmente ter entendido o horrível, e começar a sentir de imediato alguma paz.
Uma paz pequenina, se comparada com aquela que desejo, do fundo da minha alma, a quem tanto magoei.
Adeus.

terça-feira, 4 de março de 2014

infinito




habitas-me
até ao infinito
inconsciente
da dor
que a lonjura
não protege

segunda-feira, 3 de março de 2014

esquecimento



















A mente humana tem mecanismos para desencadear o processo de esquecimento. O problema é quando os factos a esquecer já passaram para a esfera do inconsciente.

os afetos e a morte















A perda de um afeto, lembra de algum modo a morte. 
Contudo, de imediato se nota uma diferença, diria, de conteúdo: é que,  em caso de perda de alguém por morte, o processo de cicatrização da alma, queiramos ou não, começa de imediato, enquanto que em caso de perda de um afeto, o processo de cicatrização, pode não começar de imediato, pode começar decorrido muito tempo e... pode até nem começar.
Neste mundo de encontros e desencontros, de encantos e desencantos, assume um protagonismo cada vez maior, o "uso" descartável  e patético, de emoções e de sentimentos.
Talvez o fenómeno não seja novo e eu é que ande distraído.
Na verdade, como costuma dizer um amigo meu; as pessoas não mudam, revelam-se.
Ou, parafraseando Levi-Strauss; a verdade está sempre oculta.

domingo, 2 de março de 2014

as palavras escritas
















será
que as palavras
escritas

não sentem
a dor
que gritam?!

eu sinto

Romeu e Julieta



Romeu e Julieta, pela Companhia de Dança Contemporânea de Évora, no Pax Júlia.


"O incognoscível, onde invoco das profundezas da minha alma as visões e memórias que estão para além do visível e do verbal, a dança no seu lado mais lúdico e sensorial, a música de Prokofief, particularmente  a obra ""Romeu e Julieta". O mundo enigmático das emoções, que juntou os dois personagens, assim como o amor incompreendido e impedido por terceiros, onde muitos de nós encontramos identificação."

Benvindo Fonseca, coreógrafo da peça, in Folheto do espetáculo





Pude confirmar (ao vivo) que o bailado clássico está para a música clássica, assim como a dança contemporânea está para o jazz ou, claro está, para a música erudita que dá suporte à dança contemporânea, se for o caso.

O rigor e a ordem intrínsecos à música clássica e ao bailado clássico, opõem-se, numa relação simétrica, ao caos e aparente desordem do jazz e da dança contemporânea, que, na minha opinião são de facto uma libertação dos sentidos, seja do ponto de vista musical, seja do ponto de vista da coreografia.
Aprecio música e bailado clássicos, mas confesso uma clara preferência pela capacidade discursiva do jazz e da dança contemporânea. Nestes, subsiste a surpresa constante do diálogo que estabelecem connosco, seja através das sonoridades, seja através da dinâmica surpreendente dos corpos, que se agitam e fundem numa notável,  intensa e diversificada beleza plástica. Uma beleza sem estereótipos.
Creio que é essa a grande e extraordinária diferença entre ambos os conceitos. Isto é, no conceito contemporâneo não existe  apenas um conceito de beleza. O conceito jazzistico-contemporâneo é uma libertação dos sentidos.

sábado, 1 de março de 2014

em mim

a tua
presença

perto
fugaz
furtiva
de mim

fez tremer
num turbilhão

tudo

em mim




porquê?!...

Ó vós , sábios, de alto e profundo saber, que meditastes e sabeis onde, quando e como tudo se une na natureza, para que servem esses amores e esses beijos, dizei-me!
Torturai o vosso espírito subtil  e dizei-me onde quando e como me sucedeu amar, porque me aconteceu amar?

Peter Burger


seriedade da volúpia




















Os amantes são traidores que perpetuam a dor, perpetuando a vida.

Arthur Shopenhauer, in ""Metafísica do amor"