25 de Abril de 1975.
Um ano.
Está toda a gente na rua embriagada de uma esperança maior que a esperança.
Caminho com a minha avó Agostinha pelo braço. Toda a gente se cumprimenta e sorri. Vêm aí a tolerância, o respeito mútuo, a atenção pelas pequenas mágoas e alegrias do outro. Sente-se uma indescritível leveza no peito. A cidade lembra uma colmeia, cujo mel fabricado é a paz e a alegria de ser. Inesquecível.
Mas, há uma verdade escondida.
A verdade dolorosa da mentira.
Uma verdade que chega rápida, clara, cortante. A dor no peito é imensa ante a impotência de lutar sem armas contra o poder igual a todos os poderes. O poder é O Poder, ponto final.
Durou 1 ano e pouco, a doce ilusão.
O desespero é imenso. Que fazer, me Deus?!!
Escapa-se pelos dedos o amor, a solidariedade (que não a hipócrita), a preocupação pelo outro, a força de um sorriso, a nudez da alma...
Sobra uma réstia de verdade e dignidade - LUAR - Liga de Unidade e Acção Revolucionária.
A inscrição foi imediata e instintiva. O próprio Zeca acreditou. Há que pegar em armas.
Mas... o que fazer com uma arma na mão?!!!