quarta-feira, 30 de abril de 2014

vento

pudesse o vento
trazer-me
a paz imensa
e profunda,
da lonjura
tão amada.

terça-feira, 29 de abril de 2014

eternidade


uma eternidade
suspensa

nos momentos
interditos.

muito mais que amor

a morte
é apenas isso: a morte.

o amor não.

o amor é muito mais
que amor.

o amor
permanece.

o amor
é uma entidade

suave
e imensa.

domingo, 27 de abril de 2014

noite fria

a noite fria
em que passaste,
intensa e pura,
transformou-se
em poesia.

sábado, 26 de abril de 2014

Notável serão.

Tenho que anotar este notável e frio serão, ouvindo a belíssima voz de Vitorino, acompanhada por sonoridades que ele, à semelhança do irmão Janita, tem refinado ao longo dos anos, recorrendo a excelentes músicos e variados instrumentos.
Um privilégio!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

vontade imensa

Se tanto me dói que as coisas passem,
é porque cada instante em mim foi vivo,
na busca de um bem definitivo,
em que as coisas de Amor se eternizassem.

Sophia de Mello Breyner



Este poema de Sophia, mostra de forma surpreendente, como a alma do 25 de Abril e a alma que sinto em mim, se fundem numa dimensão de sonho, mas também de desejo, plenitude e vontade imensa de sentir.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

numa espécie de imortalidade

e,

o que restará,
numa espécie de imortalidade
protegida pela alma,

será o amor


Salgueiro Maia

O 25 de Abril parece ter sido feito à medida de Salgueiro Maia. Um homem sério, discreto e preocupado.
Contudo, os tempos trouxeram, cada vez em maior número, uma panóplia de figurantes que tem percorrido a história desde aí para cá, procurando ajeitar o corpo a uma roupagem que, ou larga ou apertada, não foi talhada para si.
O 25 de Abril nunca lhes pertenceu, não lhes pertence, nunca lhes pertencerá.
São personagens que circulam com naturalidade pelos corredores e bastidores do poder.
Nem sei como tiveram conhecimento do golpe libertador. Eu?! Através do código Morse, da cubana Prensa Latina...com os olhos molhados.
Hoje, 40 anos depois, é doloroso assistir ao renascimento de uma extrema direita académica, em jovens cabeças de 20 anos.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

sacralidade


Há coisas cuja sacralidade nos impede de lhes tocar, mas nunca poderá impedir que as sintamos.

tortura


a maior tortura
são os beijos
inventados
na lonjura.



me haces diferente





















me haces diferente
porque amo
tu preciosa
diferencia

aroma


(...)

deixa-me dos teus poderes
somente um rumor ou um aroma,
a inexprimível tentação que os faz
serem tão perenes e secretos


José Jorge Letria, (excerto)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

25 de Abril de 1975

25 de Abril de 1975. 

Um ano.
Está toda a gente na rua embriagada de uma esperança maior que a esperança. 
Caminho com a minha avó Agostinha pelo braço. Toda a gente se cumprimenta e sorri. Vêm aí a tolerância, o respeito mútuo, a atenção pelas pequenas mágoas e alegrias do outro. Sente-se uma indescritível leveza no peito. A cidade lembra uma colmeia, cujo mel fabricado é a paz e  a alegria de ser. Inesquecível.

Mas, há uma verdade escondida. 
A verdade dolorosa da mentira.
Uma verdade que chega rápida, clara, cortante. A dor no peito é imensa ante a impotência de lutar sem armas contra o poder igual a todos os poderes. O poder é O Poder, ponto final. 
Durou 1 ano e pouco, a doce ilusão.

O desespero é imenso. Que fazer, me Deus?!!
Escapa-se pelos dedos o amor, a solidariedade (que não a hipócrita), a preocupação pelo outro, a força de um sorriso, a nudez da alma...
Sobra uma réstia de verdade e dignidade - LUAR - Liga de Unidade e Acção Revolucionária. 
A inscrição foi imediata e instintiva. O próprio Zeca acreditou. Há que pegar em armas.

Mas... o que fazer com uma arma na mão?!!!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Gabriel Garcia Marquez

E senti na garganta o nó górdio de todos os amores que poderiam ter sido e que não foram.


Gabriel Garcia Marquez

terça-feira, 15 de abril de 2014

exceção da regra





Como diz Pessoa, o valor das coisas está na intensidade com que acontecem, e não na sua duração.
Mas quando a exceção da regra o permite, uma breve e eterna duração tem tanto encanto...

flor de macieira
















os diálogos da alma
são um êxtase
uma contemplação


imagem - flor de macieira e o futuro pasto dourado, onde o cisão fará o ninho.

alma nua





















gostava
de,
de tempos em tempos
despir a alma

tão só
para descansar
um pouco
desta dor infinita
incontida
constante
e inconformada

que a veste

domingo, 13 de abril de 2014

virtualidade




















Vivo na esperança que este meu espaço seja respeitado, para que não deixe de fazer sentido, sem me importar discorrer sobre a sua virtualidade.

entre fráguas errantes

na montanha,
entre fráguas errantes,
silêncio e lonjura,
sobra-nos
toda a alma
e o anseio
de ser.

entre páginas

Não roubo emoções.
Deposito-as,
entre entre páginas de amor.


ladrão de prazer


Não sendo ladrão de prazer,
tenho o que sou.
E o que sou, não me pertence.





quarta-feira, 9 de abril de 2014

a ética e a moral

Valores morais haverá tantos quantas as inúmeras culturas.
E aquilo que é valor moral para uma cultura, pode não o ser para outra.

A ética é algo de outra natureza, que subsiste no respeito pela diferença do "outro".
É uma atitude universal, como a dignidade.
Seria talvez interessante, classificar a ética - Património Imaterial da Humanidade - e penalizar quem a maltratasse.

terça-feira, 8 de abril de 2014

o tempo





















o tempo
arde
veloz

como chama
ao vento

...


anátema

Quero escrever.
Quero muito, escrever.

Mas,
já comecei três vezes
e apaguei outras tantas
o que escrevi.

Quanto mais cheia tenho a alma,
mais me custa escrever,
e mais vontade tenho de o fazer.

As palavras empurram-se
junto à saída,
sem encontrarem um consenso
ordenado.

E,
ao mergulhar no inconsciente,
consciente, (tarefa impossível)
as coisas não melhoram.

Tenho em permanência
a mesma visão doce e dorida.

Sinto,
colado na pele,
na carne,
na alma,
um anátema de desejo insuportável,
de um beijo longo e doce...
muito doce...


Escrevo para me sentir. 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

tão só, respirar...

Não desejo nada. Não quero nada. O que pretendo, é sentir-me através do que escrevo. Trata-se, tão só, de respirar.

domingo, 6 de abril de 2014

dentro de mi alma

Todos los lugares san pocos, porque tu presencia es muy grande.

el deseo de verte

el deseo de verte
es muy grande
pero
la dolor, también.

e de repente



e de repente
a alma
estremece
de ansiedade

voando
por entre as grades
que apertam
o coração

sábado, 5 de abril de 2014

quinta-feira, 3 de abril de 2014

certeza






















certeza
não tenho

de que não devo

sentir
o que sinto


quarta-feira, 2 de abril de 2014

sem cessar















Sem cessar, percorro os céus com os olhos
a tentar ver a estrela que estás contemplando.
Interrogo os viajantes de todas as terras
na esperança de encontrar
alguém que tivesse
aspirado a tua fragrância.


Abu Bakr al-Turtusi, in "Ladrões de Prazer" (poemas arábico-andaluzes) excerto