se nunca
estive
em ti,
como
dizer-te este
poema
urgente?
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
certeza de vento
"... eu sei que entendes o que não sei dizer.
Essa certeza é feita de vento.
Eu e tu somos esse vento.
Não apenas um pedaço do vento dentro do vento, somos o vento todo.
Escuta,
ouve.
Amor.
Amor."
José Luís Peixoto, in 'Abraço'
Escuta,
ouve.
Amor.
Amor."
José Luís Peixoto, in 'Abraço'
o teu pé
o teu pé
roçou-me
docemente
a perna,
a alma.
roçou-me
docemente
a perna,
a alma.
alma pisada
o vento
traz
grãos
de angústia,
que
riscam
o ladrilhado
da minha
alma
pisada.
traz
grãos
de angústia,
que
riscam
o ladrilhado
da minha
alma
pisada.
resta-me
resta-me
a frágil
virtualidade
e
um sonho,
que
apenas dói.
a frágil
virtualidade
e
um sonho,
que
apenas dói.
mágoa de não ser...
e depois, as
palavras
desaparecem sem
deixar
rasto,
a não ser
a
mágoa de não
ser
lidas,
vezes
sem conta,
meu amor.
palavras
desaparecem sem
deixar
rasto,
a não ser
a
mágoa de não
ser
lidas,
vezes
sem conta,
meu amor.
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
sinto-te
sinto-te
uma adaga
sobre a
garganta.
uma adaga
sobre a
garganta.
a luz fascina
A luz fascina, chego ao fim de rastos.
Eugénio de Andrade, in "Memória Doutro Rio"
Eugénio de Andrade, in "Memória Doutro Rio"
o olhar
Muito haveria a dizer do confronto da
mão com o sol. Da semente com a terra. Há
contudo um lugar onde a paixão se esconde
para explodir: o olhar.
Eugénio de Andrade, in "Memória Doutro Rio"
mão com o sol. Da semente com a terra. Há
contudo um lugar onde a paixão se esconde
para explodir: o olhar.
Eugénio de Andrade, in "Memória Doutro Rio"
terça-feira, 18 de agosto de 2015
ardor retido
Sobre a mesa a fruta arde. peras,
laranjas, maçãs pressentem
a íntima brancura
dos dentes, o desejo represado,
o espesso vinho de vozes antigas,
arde a melancolia ao inventar
outra cidade,
outro país, outros céus onde lançar
os olhos e o riso. deita-te comigo,
trago-te do mar
a crespa luz da espuma,
nos flancos este ardor retido.
Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"
laranjas, maçãs pressentem
a íntima brancura
dos dentes, o desejo represado,
o espesso vinho de vozes antigas,
arde a melancolia ao inventar
outra cidade,
outro país, outros céus onde lançar
os olhos e o riso. deita-te comigo,
trago-te do mar
a crespa luz da espuma,
nos flancos este ardor retido.
Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"
deixei de contar
deixei
de contar
os beijos
que te dou
na alma.
de contar
os beijos
que te dou
na alma.
morro em agosto...
Concentro os olhos no mais precário
lugar do teu corpo. morre-se
em agosto com as aves
de solidão.
Neste instante sou imortal.
tenho os teus braços em redor
do corpo todo.
as areias escaldam. é meio-dia.
Do teu peito avista-se o mar
caindo a prumo.
morre-se em agosto na tua boca.
com as aves.
Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"
lugar do teu corpo. morre-se
em agosto com as aves
de solidão.
Neste instante sou imortal.
tenho os teus braços em redor
do corpo todo.
as areias escaldam. é meio-dia.
Do teu peito avista-se o mar
caindo a prumo.
morre-se em agosto na tua boca.
com as aves.
Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"
destino
e a alma
e o corpo
acomodam-se
numa
erecção
extenuada.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
um fogo
um
fogo queima
o tempo
sem teus
beijos.
fogo queima
o tempo
sem teus
beijos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)