Sobre a mesa a fruta arde. peras,
laranjas, maçãs pressentem
a íntima brancura
dos dentes, o desejo represado,
o espesso vinho de vozes antigas,
arde a melancolia ao inventar
outra cidade,
outro país, outros céus onde lançar
os olhos e o riso. deita-te comigo,
trago-te do mar
a crespa luz da espuma,
nos flancos este ardor retido.
Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"
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