domingo, 20 de dezembro de 2015

terça-feira, 17 de novembro de 2015

paixão

...
tudo excita a lembrança
da minha paixão por ti
que nunca abandona meu peito
por muito que eu o feche.

Ibn Zaydun, in "Ladrões de Prazer" Poemas arábico-andaluzes (excerto)

chorar

Não me sinto bem quando choro. Me sinto bem por chorar.

sábado, 31 de outubro de 2015

dá-me... dá-te...

A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço?

Fernando Pessoa

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

sonho...

sonho
em te abraçar
sem luar,
na
insensatez
da libido
sufocada
de beijos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

travo amargo

e que culpa
tenho eu

de ter,

os sentimentos
à flor
da pele

que me
deixam
no peito,
um travo
amargo
e proibido?!

que vontade imensa...

que
vontade
imensa,
e
que medo
de
olhar,
teus olhos
que fogem,
depois
de
olhar.

sim, voltei

sim, voltei
ao lugar
onde
passaste,
para te
sentir
a alma,
na alma.

sábado, 10 de outubro de 2015

cada noche...

"Tengo la convicción de que no existes y sin embargo te oigo cada noche".

Mario Benedetti

domingo, 27 de setembro de 2015

boçalidade

Correm cães, cavalos, touros e carros patrocinados por uma boçalidade ansiosa de poder.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

viagem

Para viajar, basta existir. Quem não existir, jamais viajará.
Eu existo. Por isso sinto o mundo dentro de mim.

A viagem física, geográfica, é uma ilusão, uma mentira. Viajar assusta-me, tira-me de mim, tira-me do mundo.

Outra coisa é deslocar-me a um lugar, para o conhecer, interessadamente, no sentido de absorver e entender a sua identidade.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

alma nua

a minha
alma nua
anda ao vento
... vestida
de ti.

ouço-te

ouço-te
o silêncio
e
uma lágrima
inunda-me.

lembro-me

lembro-me
do som
nervoso
dos teus passos
anunciando-te,

delicada
elegante
nervosa...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

sonhei-te

sonhei-te
entre abraços
e beijos
alucinados
de amor.


asas cansadas

saem da
alma
pássaros
de asas
cansadas

só os
pássaros
têm
as asas
cansadas,

à noite.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

o poema urge

se nunca
estive
em ti,

como
dizer-te este
poema
urgente?

dá-me luz...

dá-me luz...
apenas.

certeza de vento



"... eu sei que entendes o que não sei dizer. 
Essa certeza é feita de vento. 
Eu e tu somos esse vento. 
Não apenas um pedaço do vento dentro do vento, somos o vento todo.
    Escuta,
    ouve.
    Amor.
    Amor."

José Luís Peixoto, in 'Abraço' 

o teu pé

o teu pé
roçou-me
docemente
a perna,

a alma.

és

és tão longe.

alma pisada

o vento
traz
grãos
de angústia,
que
riscam
o ladrilhado
da minha
alma
pisada.

resta-me

resta-me
a frágil
virtualidade
e
um sonho,
que
apenas dói.

mágoa de não ser...

e depois, as
palavras
desaparecem sem
deixar
rasto,

a não ser

a
mágoa de não
ser
lidas,

vezes
sem conta,
meu amor.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

sinto-te

sinto-te

uma adaga
sobre a
garganta.

a luz fascina

A luz fascina, chego ao fim de rastos.

Eugénio de Andrade, in "Memória Doutro Rio"

o olhar

Muito haveria a dizer do confronto da
mão com o sol. Da semente com a terra.  Há
contudo um lugar onde a paixão se esconde
para explodir: o olhar.

Eugénio de Andrade, in "Memória Doutro Rio"

terça-feira, 18 de agosto de 2015

ardor retido

Sobre a mesa a fruta arde. peras,
laranjas, maçãs pressentem
a íntima brancura
dos dentes, o desejo represado,

o espesso vinho de vozes antigas,
arde a melancolia ao inventar
outra cidade,
outro país, outros céus onde lançar

os olhos e o riso. deita-te comigo,
trago-te do mar
a crespa luz da espuma,
nos flancos este ardor retido.

Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"

deixei de contar

deixei
de contar
os beijos
que  te dou
na alma.

a tua boca

a tua boca
queima-me
a alma

morro em agosto...

Concentro os olhos no mais precário
lugar do teu corpo. morre-se
em agosto com as aves
de solidão.

Neste instante sou imortal.
tenho os teus braços em redor
do corpo todo.
as areias escaldam. é meio-dia.

Do teu peito avista-se o mar
caindo a prumo.
morre-se em agosto na tua boca.
com as aves.

Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"

destino


e a alma
e o corpo

acomodam-se

numa
erecção
extenuada.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

sexta-feira, 24 de julho de 2015

em segredo... ;-)

BRINCADEIRA
Brinca comigo à procura
de uma estrela noutro céu
Brinca e leva a noite escura
com os sonhos que Deus te deu
Começa devagarinho
- por favor, não tenhas medo,
que meu coração fez ninho
dentro do teu em segredo
Acorda os anjos que formem
com a luz do teu sorriso
Faz com que não se conformem
e saiam do paraíso
Deixa-os entrar de repente
no teu quarto, a esta hora
em que a verdade mais quente
é o sono que te devora.
Brinca comigo às escuras,
ensina-me o que não sei
Onde estás? Porque procuras
o coração que te dei?
Fernando Pinto do Amaral

terça-feira, 7 de julho de 2015

sexta-feira, 3 de julho de 2015

na planície

o vento
fresco
do entardecer

o cheiro
a palha
ceifada,

o cantar
doce
das rolas,

engrossam
a dor
da lonjura.


terça-feira, 30 de junho de 2015

tudo...

tudo,
mesmo tudo
o que
faço
é,
por amor.

não me
deixas,
alternativa.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

antes, durante, depois...

antes,
durante,
depois,

enches-me
a alma

e
por isso
é

impossível
perder-te.

terça-feira, 23 de junho de 2015

em frente do mar























Pergunto a mim próprio em que noite nos perdemos?, 
que desencontro nos levou de um a outro lado das
nossas vidas? e que caminhos evitámos para que os nossos
passos se não voltassem a cruzar? Mas as perguntas que
te faço, hoje, já não têm resposta. Sento-me contigo,
nesta mesa da memória, e partilho o prato da solidão. Tu,
na cadeira vazia onde te imagino, sacodes o cabelo com
um aceno de ironia. E dou-te razão: as coisas podiam
ter sido de outro modo. Não te disse as palavras que
esperaste; e havia o mar, com as suas ondas, nessa tarde
em que me puxaste para longe da cidade, como se
a noite não nos obrigasse a voltar, quando o horizonte
se apagou a nossa frente. Depois disso, nenhuma
pergunta tem resposta. O que é absurdo há-de continuar
absurdo, como o horizonte não se voltou a abrir,
trazendo de volta os teus olhos que me pediam que
os olhasse, até que a noite me impedisse de o fazer.

Nuno Júdice
imagem Dorka Simanyl

segunda-feira, 22 de junho de 2015

saí de mim...


"Só há um modo de escapar de um lugar: é sairmos de nós. Só há um modo de sairmos de nós: é amarmos alguém."

Mia Couto

dou-te os dias...

















Dei-te os dias, as horas e os minutos 
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.


Miguel Torga

domingo, 14 de junho de 2015

mitos com pés de barro

Fico grato ao que me desilude, pela sensação de bem-estar que transmite, associada à clareza desmistificadora da nova perspectiva.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

segunda-feira, 25 de maio de 2015

quarta-feira, 20 de maio de 2015

quinta-feira, 30 de abril de 2015

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Memória


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade, in "Claro Enigma".

segunda-feira, 27 de abril de 2015

domingo, 26 de abril de 2015

inda assim...

melhor fora
que vos não vissem
meus olhos
senhora...

pois sempre
que tal sucede
é minh´alma
quem paga,
em ardor,
pelo encantamento
em ver-vos.

contudo,
inda assim,
tal sofrimento
é tão desejado
...senhora.

sábado, 18 de abril de 2015

intensamente

se não posso
ler
outras
palavras,

intensas,

que as
minhas
o
sejam

intensamente.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

quinta-feira, 2 de abril de 2015

a alma e o corpo

tantos
olhares
e
palavras,

suspensos,

a povoar-me
a alma
e o corpo...

segunda-feira, 30 de março de 2015

domingo, 22 de março de 2015

insanidade

estabeleço
contigo
improváveis
diálogos.

pergunto e
respondo.

por ti.

em voz baixa.

com cuidado
para que
esta insanidade
me não
denuncie.

sábado, 21 de março de 2015

sexta-feira, 13 de março de 2015

sentido

O que faz
sentido
por ti, deixa
de fazer
sentido,
sem ti.

libertação

Libertei-me da virtualidade.
Era uma tortura de Tântalo.
Viverei
das lendas que guardo,
na alma
e no sonho.
Viverei de ti.

segunda-feira, 9 de março de 2015

condenação

Eu não sabia, nem acreditava, que isto me acontecesse.
E agora?! Agora, estou condenado à eterna tortura.
Às vezes penso, que a promessa de um último olhar antes da morte, 
me coloria a vida.

domingo, 8 de março de 2015

tão perto

tão perto...
os cabelos,
as costas,
o casaco
sobre o colo,
os dedos,
e o medo maior
de
cruzar
o olhar.

sexta-feira, 6 de março de 2015

segunda-feira, 2 de março de 2015

saudades...

Não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram.


Fernando Pessoa

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

sentido claro

Quero escrever-te um poema que
tenha um sentido claro como o
que os teus olhos me disseram.

Poderia ser um poema de amor,
tão breve como o instante em
que me deixaste ver os teus olhos.

Mas o que os olhos dizem não cabe
num poema, nem eu sei como se diz
o amor que só os olhos conhecem.


Nuno Júdice


imensidão

o teu
sorriso
é uma
imensidão
impossível
de beijos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

cartas al tiempo

No me quieras como yo te quiero.
Porque aunque me gustaría, no te lo recomiendo.
Quererte como yo te quiero duele,
como un buen amor sabe doler,
como duele el alma cuando ama en silencio,
como duele una lágrima justo antes de nacer.
No me quieras como yo te quiero amor.
Mejor quiéreme de lejos,
como tú bien sabes hacerlo.

Mind of Brando

sábado, 7 de fevereiro de 2015

a laranja e o lume

como,
ao lume
uma laranja.

as labaredas
sussurram
algo
sobre ti,

algo
que aquece
e arde
sem que o
entenda.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

o amor não é justo

O amor não é justo. O amor nunca foi justo.


Luís Menezes, in "Obvious magazine"

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

como dói...

se ao menos
não doesse
como dói,

este grito
da alma...

indecisão

a indecisão
de querer
e não querer,
é morrer...

lendas

lendas
de encantar
e doer,
trazidas
pelo vento,
que as
leva...

paz magoada

por troca
com momentos
sem vida,
prefiro
a paz
magoada
da lonjura.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

os sonhos

estou
impregnado
de ti

e devora-me
um ciume
primário.

os sonhos
atropelam-me
a alma
e ensopam-me
o corpo
de frio.


sábado, 24 de janeiro de 2015

a minha medida?...

A minha medida? Amor.
E tua boca na minha
imerecida.

Minha vergonha? O verso
ardente. E o meu rosto
reverso de quem sonha.


Hilda Hirst

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

presságio

Ah, ternura dos dias
que prometiam alguma cousa.
Ah, noites que esperavam vida.

Disseste que o mundo
dificulta o caminho dos bons
e que pesa tanto nos teus ombros
o estandarte do amor.

Tua vida consumi-se
num sonho de adolescente.
teus olhos há muito
não dizem nada
e simulam mistério
quando sorris.

Sabes alguma cousa
além dos homens.

soubesses ao menos
a eterna escuridão
dos que procuram luz.


Hilda Hirst

nada é errado...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

demasiada loucura...

Demasiada loucura, é o mais divino juízo...


Emily Dickinson

bela

Bela, minha bela,
a tua pele, a tua voz, as tuas unhas,
bela, minha bela,
o teu ser, a tua luz, a tua sombra,
bela,
tudo isso é meu, bela,
tudo isso é meu, minha,
quando caminhas ou repousas,
quando cantas ou dormes,
quando sofres ou sonhas,
sempre,
quando estás perto ou longe,
sempre,
és minha, bela,
sempre.


Pablo Neruda, (excerto)

sua beleza é total

Sua beleza é total.
Tem a nítida esquadria de um Mantegna.
Porém como um Picasso de repente
desloca o visual.

Seu torso lembra o respirar da vela.
Seu corpo é solar e frontal.
Sua beleza à força de ser bela,
promete mais do que prazer.
Promete um mundo mais inteiro e mais real.
Como pátria do ser.


Sophia de Mello Breyner

não é possível

não é
possível,
contemplar
impunemente,
o que
me sufoca
o corpo
e a alma.

resta-me
não olhar,
para evitar
a denúncia,
de uma lágrima
que espera.

domingo, 18 de janeiro de 2015

silenciosamente

beijaste o
meu gesto
e a alma
floriu,
em mim,
silenciosamente.

dias partidos

Devias
estar
aqui rente
aos meus
lábios para
dividir contigo
esta
amargura
dos meus dias
partidos
um a um ...


Eugénio de Andrade

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

não... por favor.

Como dizer a uma doçura de 4 anos, que já não tem o adorado pai?
Inteligente e sensível,  já o percebeu há muito, mas recusa as abordagens que tenham por objetivo legitimar a perda, e preencher na sua alma a lacuna dolorosa.
Não. Não quer que lhe digam o que sempre soube. Não quer que lhe tirem o pai.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

do desejo

colada a tua boca a minha desordem.
o meu vasto querer.
o incompreensível se fazendo ordem.
colada à tua boca, mas descomedida
árdua
construtor de ilusões examino-te sôfrega
como se fosses morrer colado à minha boca.
como se fosse nascer
e tu fosses o dia magnânimo
eu te sorvo estremada à luz do amanhecer.


Hilda Hilst

sinto..

Sinto,
colado na pele,
na carne,
na alma,
um anátema de
desejo insuportável,
de um beijo
longo e doce,
muito doce...

sábado, 3 de janeiro de 2015

e a saudade é tão grande...


qual vinho...

e na lonjura,
uma doce
exaltação
embriaga a alma,
qual vinho
gostoso,
frutado, e forte,
de uma
cepa antiga,
como o tempo,
como o amor.