terça-feira, 18 de agosto de 2015

morro em agosto...

Concentro os olhos no mais precário
lugar do teu corpo. morre-se
em agosto com as aves
de solidão.

Neste instante sou imortal.
tenho os teus braços em redor
do corpo todo.
as areias escaldam. é meio-dia.

Do teu peito avista-se o mar
caindo a prumo.
morre-se em agosto na tua boca.
com as aves.

Eugénio de Andrade, in "Branco no Branco"

Sem comentários:

Enviar um comentário