quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

tal como as estrelas




















As divagações da alma, não podem estar sujeitas ás regras da sensatez.
Também não devemos  encobrir as estrelas, só porque não podemos tocá-las.
São olhares de contemplação e êxtase.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

mergulha no sonho


















...confia no teu coração
se os mares se incendeiam
e vive pelo amor
embora as estrelas para trás andem...

E.E. Cummings  (excerto)
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o sonho

Os sonhos são como a tradução para uma língua de coisas intraduzíveis de outra; ou como a transposição para linguagem - forçosamente confusa ou complicada - de sentimentos vagos ou complexos, que a redacção normal não pode comportar.

Fernando Pessoa

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

macaquices








Com o devido respeito pelo respeitável animal, a verdade é que me sinto como o  velho gorila de dorso prateado quando lhe perturbam o sossego com futilidades. Fica furioso, bate com os punhos no peito e solta o vozeirão. Não tem paciência para macaquices. Isto a propósito da proibição, por parte da Opus Dei, de 33.573 livros, 79 dos quais de autores portugueses como: José Saramago, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Lídia Jorge e Vergilio Ferreira.
A raiz da Inquisição continua viva e de boa saúde.


sábado, 26 de janeiro de 2013

confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...


Miguel Torga, in "Antologia Poética"

ratoeiras

























Quando vierem, como feiticeiros,
Tirar-te o espírito do corpo,
Obstina-te, irmão!
Não,
Não
E não,
Seja qual for a habilidade
E a humanidade
Da encenação.

Lembra-te dum cortiço!
O que ferve lá dentro e dá favos de mel
É que presta.

Mas se querem a festa
Da tua morte,
Então,
Que levem tudo no caixão:
A alma e o suporte!

Miguel Torga, in "Antologia Poética"

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

estratégia





























Para com aqueles que nos magoam não devemos ser arrogantes nem altivos. Isso só iria potenciar a sua estratégia. O seu reflexo condicionado, vai mantê-los sempre atentos a todos as nossas expressões faciais e gestuais por forma a identificarem, para seu gáudio, sinais indicadores de revolta, frustração, desencanto. Não é difícil "trocar as voltas" a esta gente, que por norma é pouco inteligente. Basta mantermos a calma e o apoio da nossa alma e dos nossos afectos e fazer coisas simples com naturalidade e segurança.
Sempre com um toque de gentileza.
As "manobras" destes adversários reflectem quase sempre a sua fraqueza. Na verdade efectuam inúmeras vezes, encenações  para disfarçar as suas fragilidades.

"Ouçamos" Agostinho da Silva:
- " ...quem se adivinha senhor de si melhor resistirá a tudo o que inventou a real fraqueza do contrário, e só tem que se guardar dos perigos da altivez e do desprezo." 

and you...
















...you are more beautiful than ever!



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Coragem II


















A coragem é uma coisa que se organiza.

André Malraux
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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

encontro










...a vida se demora nos meus braços
o tempo apenas de um encontro breve.

Jorge de Sena
imagem - c o

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

eternidade


















O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

Carlos Drummond de Andrade (excerto)
imagem - c o

domingo, 20 de janeiro de 2013

agradecimento













A "chata" abordagem escolar, entre outras condicionantes, de Camões e Pessoa há muitos anos atrás, privou-me de uma percepção absolutamente notável da vida e do mundo em seu  redor. Contudo não sinto em demasia essa perda. O que sinto neste momento de descoberta, é,  não direi nascimento de emoções, mas algo em tudo semelhante que me faz sentir como que uma renovação e prolongamento da vida e do tempo, associados a uma absoluta necessidade de partilha e cumplicidade. Não sei a que deva agradecer...ou talvez saiba.

sábado, 19 de janeiro de 2013

clube de leitura



















Ler um belo texto, prosa ou poesia, é um gosto um prazer enorme.
Partilhá-lo, debatê-lo, comentá-lo com uma alma cúmplice, remete-nos para um universo, diria - mágico, em que a linguagem adquire, como nos diz Roland Barthes, a função de uma pele. Como que uma textura de sentimento e emoção...

Já partilhar e comentar uma leitura com pessoas absolutamente obtusas, algumas boçais, é de uma violência brutal a que me sujeito, obrigado por regras da boa educação... para com o "Clube de Leitura".

c o

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ditosa pena...

















...Ditosa é, logo, a pena que padeço,
Pois que da causa dela em mim se sente
Um bem que, inda sem ver-vos reconheço.


Luís Vaz de Camões (excerto)
imagem - c o

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

bem-aventurança



Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só com vê-los,
Já não paga o que deve o vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los
Dei mais a vida e a alma por querê-los,
Donde já não me fica mais de resto.

Assim que alma , que vida, que esperança
E que quanto for meu, é tudo vosso;
Mas de tudo o interesse eu só o levo:

Porque é tamanha a bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que quanto mais vos pago , mais vos devo.


Luís Vaz de Camões
imagem - c o

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

solidão













...mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna...

Mia Couto (excerto)
imagem - c o

carta de amor

Não tenho dúvidas que Jacintha Saldanha e Aaron Swartz,  não fizeram parte da maioria ruim identificada no sec XVII por Espinosa e que aumentou exponencialmente até aos dias de hoje.

Poderei não ter o direito de me classificar como membro da minoria, mas recuso-me com toda a veemência  a ser parte da maioria,  pautarei as minhas atitudes numa linha de apoio incondicional, a todas as pessoas que façam das atitudes diárias um combate contra o esvaziamento mental, e que tenho a certeza não integram a maioria.
Fá-lo-ei com alma, com gosto, com determinação. Nem poderia ser de outro modo, dado o respeito que me merece a integridade humana. É curioso. Percebi porque tenho poucos amigos.
Romantismo à parte, talvez faça de novo sentido a coragem e a dignidade de morrer por uma causa...não sei.
Uma coisa eu sei: ás minorias, aos amigos, aos afectos, à família - o mesmo desejo de bem estar, ternura e coragem.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

where are the limits?!...



Jacintha Saldanha, enfermeira e Aaron Swatz. técnico informático,  não conseguiram aguentar a pressão de ter que enfrentar, apenas munidos de sentido ético e de justiça, os "mecanismos legais" arquitectados pelo Poder e destinados a manter o Povo quieto e submisso, numa total ausência de escrúpulos. Paz à sua alma.



domingo, 13 de janeiro de 2013

Tornar-vos a ver Amor me cura
















Ferido sem ter cura perecia
O forte e duro Télefo temido
Por aquele que na água foi metido,
E a quem ferro nenhum cortar podia.

Quando a apolínio Oráculo pedia
Conselho para ser restituído,
Respondeu-lhe, tornasse a ser ferido
Por quem o ferira, e sararia.

Assim, Senhora, quer minha ventura,
Que ferido de ver-vos claramente,
Com tornar-vos a ver Amor me cura.

Mas é tão doce vossa formosura,
Que fico como o hidrópico doente,
Que bebendo lhe cresce mor secura.


Luís Vaz de Camões
imagem - c o

possuir é perder

















Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência.

Fernando Pessoa
imagem - c o

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

momentos





É tão suave a fuga deste dia 

...E um só momento nos sentimos deuses
imortais pela calma que vestimos
e a altiva indiferença
ás coisas passageiras.


Fernando Pessoa (excerto)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

adversidade














...É necessário que se resista enquanto houver um fôlego de vida, mas que essa resistência seja sobretudo o contacto com a realidade da força criadora; é esta que afinal tudo leva de vencida e reduz oposições a pó inútil e ligeiro.

Agostinho da Silva
imagem - c o

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

a minha primeira biblioteca



Anos 60

Sandokan, o Tigre da Malásia,... O Corsário Negro...as duras batalhas navais entre veleiros velozes sobre as ondas. A doce vida dos flibusteiros, piratas das Caraíbas, quando atacavam as cidades da costa...
20 mil léguas submarinas,...A Volta ao Mundo em 80 dias,... as aventuras de Bob Morane, uma espécie de 007 da selva tropical....Uauu...que leituras intensas,...Tin-Tin, Axtérix,... Eça, Maugham, Hemingway, ...que ternura inspirava aquela viatura (furgão Citroen com balcão ao meio e prateleiras cheias de livros) no Largo do Relógio e o senhor de quem não me lembro o nome, de lentes muito grossas e super simpático que tratava com imenso carinho todos os livros, de quem nunca se separava...Oh...tenho os olhos molhados e um nó na garganta!... Chega de conversa!


imagem - "entre os livros"


feelings...


























Fear of to feel good with my own soul...

sábado, 5 de janeiro de 2013

índios boróro








...os corpos, possuem modelos requintados e tonalidades realçadas pelo brilho das tintas e das pinturas, suportes - dir-se-ia - destinados a valorizar os ornamentos mais esplêndidos: retoques gordurosos e brilhantes dos dentes e presas de animais selvagens, associados ás plumas e ás flores. É como se uma civilização inteira conspirasse numa mesma ternura, apaixonada pelas formas, pelas substâncias e pelas cores da vida.

Claude Levi-Strauss, in "Tristes Trópicos"  1945

nota - Uma cultura destruída.

o que temos






...
trouxe comigo o teu amor
a surpresa de um brilho no olhar
...
por isso tenho tudo o que preciso
mesmo que nada nos seja dado;
e basta-me lembrar o teu sorriso
para te sentir ao meu lado.

Nuno Júdice,  (excerto)


escreve-me

Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas.
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto de açucenas!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda-me então...brandas... serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...

Florbela Espanca (excerto)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

o sonho...


Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.

Fernando Pessoa

amar teus olhos













...Podia em teus olhos perder-me
não fossem, amor, teus olhos,
o tempo de achar-me.

Carlos de Melo Santos, in "Lavra de Amor" (excerto)
imagem - c o