quinta-feira, 27 de março de 2014

Desencanto














Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Doí-me nas veias. Amargo e quente.
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
assim dos lábios a vida corre,
deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

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