quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Quando me atingem

Quando me atingem, perdem tudo o que tinham de imaginário e são reduzidos ao seu justo valor. Acho-os então muito menores do que imaginara e, mesmo a braços com o sofrimento, não deixo de me sentir aliviado. Nesse estado, liberto de novos temores e da inquietação da esperança, o hábito bastará para tornar cada vez mais suportável numa situação que já nada pode piorar e, à medida que o sentimento se vai esbatendo com o tempo, os meus inimigos deixam de dispor de meios para o reavivar. Eis o bem que me fizeram os meus perseguidores ao esgotarem sem medida todos os sinais da sua animosidade. Perderam todo o poder sobre mim e, a partir de agora, posso ignorá-los.










Jean-Jacques Rousseau, in "Os Devaneios do Caminhante 
Solitário"
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