quinta-feira, 8 de novembro de 2012
devo fingir que existem...
Luas, marfins, instrumentos e rosas,
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir que as armas e a pira
Da epopeia e dos pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura.
Minha ventura, inesgotável, pura.
Jorge Listopad
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