segunda-feira, 14 de julho de 2014
fatalidade
incendeiam-me ainda os beijos que não me deste
e cegam-me os acenos que me não fizeste,
da janela irreal onde o teu vulto,
era uma alucinação dos meus sentidos.
mas, decorrida a vida, oculto
nestes versos doridos,
a saber, que não sabes que te amei
e cantei.
e nem mesmo imaginas quem eu sou
e como é solitária e dói a minha humanidade.
em vez de te acusar
e me culpar,
maldigo o arbítrio da fatalidade
que cruelmente nos desencontrou.
Miguel Torga
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