quarta-feira, 13 de junho de 2012

A formosa na orgia


















Flexível, a sua cintura
era um ramo balanceando
sobre a duna das suas ancas
e, nestas, o meu coração
colhia frutos de fogo.

Ruivos, os cabelos assomando
pelas têmporas, desenhavam
a letra "lam" nas brancas
páginas das suas faces,
como ouro derramado em prata.

Estava no apogeu da sua beleza
como o ramo quando se veste de folhagem.

Plena de rubro néctar, a taça,
entre a brancura dos seus dedos,
era um crepúsculo amanhecendo
e encimando a aurora.

Transparecia o sol do vinho
e era o poente a sua boca
e era a mão do copeiro
o oriente, escanciando
e servindo cortesia.

E, desaparecendo o sol,
no delicioso ocaso dos seus lábios,
deixava o crepúsculo em sua face.



al-TALIQ, in " Ladrões de Prazer" (poemas arábico-andaluzes)
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