quarta-feira, 20 de junho de 2012

poema do amor e da morte



















quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto a mim,  não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar a minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"
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1 comentário:

  1. Um poema lindíssimo que decidi ilustrar com objectos e amigos que me são muito caros. :-)

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