segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

chapéu

Desde criança que o uso de chapéu me fascina, contudo só agora, com estatuto de avô, me sinto legitimado a fazê-lo.
Meus avôs usavam chapéu e foi através dessa observação que percebi a sua importância, não apenas como objeto de ostentação, mas também como proteção ou como linguagem socio-cultural. É sobre este último aspeto que me apetece refletir

Naquele tempo eu notava mais a presença do chapéu nos momentos em que era retirado da cabeça, do que nos momentos em que ali permanecia colocado.
Diria que, nos momentos de colocação, momentos em que tinha de facto uma função protetora ou de ostentação, -  e não ponho nenhum preconceito no termo ostentação -  nestes momentos dizia, era como se não existisse chapéu.
A sua existência notava-se quando era retirado da cabeça, porque o utilizador entrava num espaço público ou de grande importância social, ou quando cumprimentava alguém. Eram momentos de uma enorme diversidade plástica, diria, pelas diferentes formas de cumprimentar "com" o chapéu.

- Cumprimento a uma personagem de elevado estrato social: o chapéu era retirado e permanecia na mão.
- Cumprimento a uma mulher, ou a homem de alguma importância social: o chapéu era retirado momentaneamente e colocado de novo.
- Cumprimento simples a personagem de igual estatuto: o utilizador pegava suavemente com dois dedos, na aba ou no bico do chapéu, e largava-o sem o retirar da cabeça.

A conclusão a que podemos chegar, é que a principal função do chapéu era a de ferramenta de cumprimento, e de manifestação de respeito pelo "outro", não necessariamente  entendido como rebaixamento da dignidade humana. Uma linguagem!

Por mim posso confirmar que sinto um enorme prazer em retirar o chapéu para cumprimentar, e acredito que o cumprimentado também se sinta bem.




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