sábado, 23 de agosto de 2014

o dramatismo do afeto

Continua a haver gente, muita gente, que ama, ou julga amar, sem saber o que é o amor.
Desconhecem em primeiro lugar, que amar pressupõe preservar o "outro", na sua totalidade, isto é, recusar tudo aquilo que possa de algum modo causar dano ou mágoa incontornáveis.
Fico muito grato à perspectiva antropológica que muito me tem ajudado a entender que, amar o "outro" significa respeitar o seu mundo e a sua intimidade, mesmo que isso obrigue a amar na ausência, no silêncio.
Amar é, no meu entender, uma função da alma, tão natural como a respiração. É um acto instintivo, inconsciente, não obstante ser depois trabalhado, pensado, sentido, chorado, como o poema. É um momento belo e natural que não tem que ter nenhuma carga dramática, simplesmente porque não é preciso "matar" o amor, nem magoar ninguém.
O dramatismo está sim, na perspectiva cultural que arrasta para todo o lado este anátema do amor, colocando questões incontornáveis, que vão muito para além do pecado, a ponto de enxergar o pecado onde ele não existe. Porque esse espaço está apenas preenchido por AFECTO. 
Às vezes penso, que o mundo não tem capacidade para absorver, a enorme quantidade de amor que sinto na alma. Amar outras almas com toda a alma. Simplesmente. Mas não. Não é possível. 
Há pessoas por esse mundo fora, ora felizes, ora infelizes, ora alegres, ora tristes, procurando o que está dentro de si.
Dado que a felicidade é fugaz e efémera, não me interessa ser feliz. Prefiro estar bem, muito bem comigo.

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